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sexta-feira, 22 de abril de 2011

A praia de McEwan


Julho de 1962. Edward e Florence têm 20 anos acabam de chegar a um hotel em Chesil, na costa de Dorset, Inglaterra, onde há uma suíte reservada para sua lua de mel.

“Eram jovens, educados e ambos virgens nessa noite, sua noite de núpcias, e viviam num tempo em que conversar sobre as dificuldades sexuais era completamente impossível”, explica o narrador logo no início de Na praia, de Ian McEwan.

Finalmente tudo está certo e chancelado para que possam consumar o tão esperado ato sexual, mas tensão e medo, pudores sociais insuspeitados, afloram, mostrando que a sociedade que faria uma revolução sexual e de costumes, naquela mesma década, ainda estava embotada pela herança vitoriana.

A história de Edward e Florence, tal como é dissecada pelo olhar impiedoso de Ian McEwan, é a de vidas transformadas radicalmente por um gesto não feito ou uma palavra não dita. Pequenas pérfidas omissões que abrem fendas intransponíveis.

“Seu ódio atiçou o dela, e de repente ela achou ter entendido o problema deles: eram demasiado educados, demasiado embaraçados, demasiado tímidos, andavam às voltas um do outro na ponta dos pés, murmurando, sussurrando, adiando, submetendo-se. Mal se conheciam, e nunca puderam se conhecer por causa da cortina de fumaça que enevoava suas diferenças com uma quase-mudez amistosa e os cegava tanto quanto os limitava.”

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