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segunda-feira, 15 de novembro de 2010

A romana de Moravia



"Aos dezesseis anos eu era uma verdadeira beleza. Tinha o rosto de um oval perfeito, estreito nas têmporas e mais largo embaixo, os olhos compridos, grandes e suaves, o nariz reto descendo da testa numa única linha, a boca grande, com lábios bonitos, vermelhos e carnudos, que rindo mostravam dentes regulares e muito brancos. Mamãe dizia que eu parecia uma madona".
Assim começa "A romana", do escritor italiano Alberto Moravia, escrito entre 1943 e 1946, e publicado pela primeira vez em 1947.
Quem fala é Adriana, menina e mulher, de corpo perfeito que "não tinha outro em Roma". Começa a vida como modelo nu para um pintor, tenta o show, apaixona-se pelo motorista Gino, e é por ele seduzida, acaba "na vida", dividida entre o amor de Astarita, a sexualidade brutal de Sonzogno e a ideologia flébil de Mino. Ingênua e ardilosa, sincera e cretina, Adriana é uma personagem magistral.
Carregando nas tintas de uma sociedade falida, em todos os sentidos, após se entregar ao fascismo, Moravia cria com Adriana uma voz comovente e de uma coerência impressionante, em sua amoralidade, temperada de pieguice e religião.
Embora seja um dos primeiros livros do autor, não é difícil ver nele marcas que surgiriam, mais tarde, na obra do autor, explícitas, sobretudo em sua colaboração com o cinema, em "Duas mulheres", de Vittorio De Sica, "O conformista", de Bertolucci e "O desprezo", de Godard, supostamente uma radiografia do triângulo amoroso protagonizado, em sua vida real, pela mulher e escritora, Elsa Morante, e o cineasta Luchino Visconti.

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